As chuvas de junho embalavam meu sono.
Deitado na velha rede, eu ouvia o som do céu.
Chuvisco, chuva fina, chuva grossa, chuva.
Chuva que molhava meu telhado,
Chuva que lavava minha alma.
Por quantas noites não chorei ouvindo aquele som.
Deus, como era doloroso e doce chorar ouvindo a chuva!
Chuvas de junho.
Às vezes me levantava de madrugadinha, abria a porta
e sentia o cheiro de terra molhada.
Era cheiro de inverno, cheiro de vida.
Tocava as plantas de minha mãe e enchia as mãos de esperança.
Eram como lágrimas; como se as plantas chorassem, e cada lágrima
de planta fosse um sertanejo chorando de alegria.
Ah, quantas recordações me trazem as chuvas de junho!
Imagem de Jerzy Górecki por Pixabay