As vezes, enquanto observo meus filhos brincando, me pego pensando em minha própria infância e como acho que meu tempo passou rápido.
Sinto que cresci rápido demais, embora essa percepção seja pura ilusão.
Talvez seja o peso das responsabilidades.
Lembro que quando fiquei sabendo da gravidez de minha esposa, não consegui dormir por uns dois dias, pensando, imaginando como seria o futuro, se a criança nasceria com saúde, se a gravidez transcorreria de forma normal, sem nenhum problema, e principalmente, se eu conseguiria desempenhar o papel de pai.
Veio o nascimento e depois dele as preocupações.
É incrível como passamos a ficar preocupados depois do nascimento de uma criança. Aqueles pequenos seres que requerem atenção constante, que se aninham em nosso peito para dormir e para quem passamos a dedicar a maior parte de nosso tempo.
Aí vem as histórias que passamos a ler para eles antes de dormir. As coisas que sempre queríamos ter alguém para fazer conosco. Um parceiro. E ele vai crescendo e então, por forças maiores vem a separação.
Sete meses longe. Sete meses distante. Sete meses de seu crescimento que não consegui acompanhar. Sete longos meses de exílio.
Meu maior receio era não ser reconhecido quando o visse novamente. Mas ele reconheceu. A princípio tímido, depois foi se soltando e em pouco tempo já estava novamente aninhado em meu peito.
Meus companheiros de luta.
O tempo passa. Olho para ele e vejo acertos e erros. Quero acertar mais, mas é preciso também se frustrar para crescer. A vida segue o fluxo.
Mudanças. Mudança. Nova vida. Vida nova.
Vem o segundo filho. Poxa. Que responsabilidade. Nesse mundo maluco, nesses tempos de dúvidas. Ele chega. Saudável. Faceiro. Sorridente.
Aninha-se no meu colo como o primeiro, embora seja uma experiência completamente diferente. Um filho nunca é igual ao outro, não importa o quão parecidos sejam.
A casa, que andava mais arrumada, ganha novos ares. Fica pequena até, e a bagunça vira norma, novamente.
Daí observo meus filhos brincando e penso: como o tempo passou tão rápido?
Com certeza não foi o tempo que passou rápido, apenas fiz muitas coisas nesse tempo, que nem o percebi passar.
Nesse tempo me desencontrei e reencontrei. Sorri mais do que chorei. Fiz o meu melhor e quando volto para casa, meu jardim está florido, e por mais que existam espinhos que espetem, por mais que eu profira alguns palavrões ao ser espetado, vou seguir retirando os espinhos com cuidado e agradecendo por ter um jardim.
O tempo passa. A criança de ontem é o adulto de hoje e todas as experiências podem nos fortalecer, muitas vezes, é só uma questão de como olhar as situações.
Medos sempre existirão, o ideal é utopia e creio que no fundo, todos temos medo de crescer.
Assim, eu sigo observando meus filhos brincarem… e crescerem.
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