Não quero nada que seja eterno: amor eterno, ódio eterno, paixão eterna, fúria eterna, paz eterna, guerra eterna, vida eterna… É possível alcançar a vida eterna, diz o grande livro. Isso a mim, mais parece castigo do que recompensa. Um castigo eterno, diga-se de passagem. Veja, não pode haver nada mais entediante do que a eternidade. O que é o ser humano sem suas contradições, seus conflitos espirituais que - a todo instante - lhe ferem e lhe curam, sem a vitória e a derrota, sem o choro e o sorriso? Qual o significado de existir, se já não há a cruel incerteza do segundo seguinte? Pois em verdade vos digo: antes de partir para a eternidade, quero uma lobotomia.
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