“Sinto muito”, disse o médico, “deu metástase“.
Aflito e com um olhar de incredulidade, o paciente questiona “mas tem cura?”
“Veja bem”, começa o médico rabiscando uma folha de papel com uma caneta vermelha, “o senhor acredita em Deus?”.
“Doutor, eu creio em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.”
“Então se apegue com Ele e com todos os santos, pois só um milagre pode salvá-lo”, diz o médico, que agora olha bem no fundo dos olhos do paciente.
Com uma lágrima escorrendo pelas bochechas rosadas, o paciente pergunta: “mas não tem nenhum tratamento experimental doutor? Como pode, meu Deus! Eu sou um cidadão de bem, um homem de família temente a Deus. Como isso pode acontecer? Tanto criminoso que merecia morrer e eu doente e sem chance de recuperação.”
O médico para por um tempo. Olha para baixo. Depois volta seu olhar ao paciente e começa:
“Seu problema começou com umas poucas células que queriam ser mais do que são, daí começaram a dar o jeitinho brasileiro, levando uma pequena vantagem aqui, uma vantagem maior ali e o senhor foi deixando.”
“Rapidamente descobriram que na política as vantagens seriam maiores. Dali a doença se irradiou. Hoje, já estão comprometidos a educação, a saúde e a segurança.”
“Também estão fortemente ameaçados a soberania na área energética e estás refém de órgãos que não pensam em outros senão neles mesmos, em nada se importando se no prato do próximo tem comida.”
“O senhor vai ter que esperar verdadeiramente por um milagre, principalmente porque os órgãos que governam as suas funções básicas estão todas te sabotando. Eles não vão te ajudar. Sua morte é questão de tempo. Contudo, não o aconselho a se entregar. Lute. Como um gigante de verdade.”
“A propósito, a letra de teu hino é muito bonita.”
Imagem de Fabio Wanderley por Pixabay