Numa manhã de outubro Do ano dois mil e vinte. Um certo Senador, Homem de muito requinte. Abriu sua porta e passou mal Quando viu que a Federal Cumpriria a Constituinte. O Senador se apressou Em dizer: “sou inocente. Sou um homem religioso E, a Deus, muito temente. Não tem prata e não tem ouro. Para Deus o maior tesouro É a fé de um crente.” O delegado sorriu E estendeu-lhe a mão. Mostrou-lhe um documento E falou com educação: “Vim aqui cumprir a lei e, portanto, ordenarei uma busca e apreensão”. Ao ouvir essas palavras O Senador peidou azedo, Pois logo revelariam O seu grande segredo. Ainda quis ficar enfezado, Mas lembrou-se do ditado: “Quem tem cu tem medo”. E o medo foi tão grande Que o peste perdeu a fala. Foi saindo de fininho, Se esgueirando pela sala. Na cueca de helanca Sua bunda de potranca Era grande feito mala. “Que bunda fela da puta!” Disse o agente Tunico. E o Senador prendendo Cinco mil só no butico. Foi andando devagar Como quem não quer cagar E prende a bosta no furico. Mas o delegado Arnóbio, Homem muito educado, Conduziu o Senador A um lugar reservado. E após averiguação Constatou que o cidadão Estava todo cagado. No meio a fedentina Havia grande quantia. Muitas notas de duzentos Que ao povo pertencia. Eram os agentes juntando, O delegado enguiando, Foi grande a agonia. O Senador foi detido. Aquele cabra de peia. Mas em breve estará livre Pra nossa vergonha alheia. Pois quem engana a nação, Não merece o perdão. E sim, morrer na cadeia “Não percamos a magia”. Disse o palhaço Onofre. Que sempre leva alegria A essa gente que sofre. E quando lhe foi perguntado O nome do Senador safado, Respondeu: “Bunda de cofre”.
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