São um espetáculo as noites no sertão.
No céu há milhares de pontinhos cintilantes,
aglomerado de estrelas irrompendo na escuridão,
palco de poetas, seresteiros e amantes.
A meninada enlouquece, mas é proibido contar estrelas.
‘Vai nascer berruga no dedo’, diz dona Terezinha.
Mas José aponta o dedo para o céu e conta oitenta.
Terezinha não aguenta: ‘ô menino turrão, contou oitenta?!
oitenta, pois bem…’
A velha fecha os olhos numa reza lenta:
‘Pai que estais no céu e na terra, para este menino teimoso,
permita, ó Pai, que nasçam oitenta berrugas ao redor do fedegoso’.
Em casa, Terezinha entra altiva.
E José… bem…
José encosta-se na parede, põe uma mão para trás
e se certifica.
Imagem de floms por Pixabay
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Qual a história por trás desse folclore, lembro-me quando criança que minha vó e minha mãe nos proibia de contar estrelas e dizia-nos que ia nascer verruga.
Saudações, Flavio.
Muito obrigado pelo comentário e seja muito bem vindo ao nosso blog.
Essa é uma crendice popular que dizem, surgiu como uma forma das famílias judias protegerem os filhos da Inquisição durante o século 15 na Europa.
Como o calendário judaico é regido pela lua, o nascimento da primeira estrela ‒ que, na verdade, corresponde ao planeta Vênus ‒ marcava o início de um novo dia. Nas sextas-feiras, as crianças costumavam assistir ao entardecer à procura do astro que anunciaria o sábado, dia sagrado para o Judaísmo, o que levou as mães a criarem o mito de que a prática provocaria uma enorme verruga na ponta do dedo indicador.
Ainda assim, se isso é verdade… quem sabe?