Eu tenho poucas lembranças da minha mais tenra infância. Acho que isso acontece com a maioria das pessoas, embora alguma coisa possa permanecer em nosso subconsciente.
Algo que sempre esteve no meu pensamento era o fim dos sonhos, algo que era recorrente e me fazia acordar chorando.
Com essa lembrança, que tal transcrever isso na forma de poesia? E então me deparei com um grande desafio.
A primeira versão ficou assim:
Do tempo da mais tenra infância pouca coisa vou lembrar o que me dá uma certa ânsia isso devo confessar. Não lembro dos primeiros passos ou das palavras a falar mas de sonhos tenebrosos que me punham a chorar. Era sempre o mesmo sonho que me fazia desmoronar como uma velha TV saindo fora do ar
Inquieto por acreditar que havia algo a ser melhorado, algo a ser muito melhorado, na verdade, lembrei-me da razão das antigas agremiações onde autores se reuniam para ler suas obras, permitindo que elas fossem ali comentadas e melhoradas.
Recorro então ao meu amigo Nelson Almeida, e depois de algumas idas e vindas, finalizamos essas memórias da seguinte forma:
Da minha tenra infância Quase nada eu vou lembrar O que causa certa ânsia Isso eu não posso negar Mas há um fato horroroso Que eu preciso revelar Era um sonho tenebroso Que me fazia chorar Hoje luto para esquecer O que me fazia desabar Era o som de uma TV Chiando… chiando fora do ar
Gosto particularmente do trabalho colaborativo, pois além de aprender, conseguimos criar coisas muito melhores.
Imagem de Stefan Keller por Pixabay