A um passo da loucura total

Não sei como surgem os pensamentos.
Nem mesmo sei por que agora me ponho a pensar
sobre esse fato da vida.
Ora, eles surgem porque é assim que tem de ser!
Talvez seja essa a resposta mais óbvia e aprazível
a todos nós.
Sei que o dia é para mim uma dimensão diversa da
realidade da maioria das pessoas.
Há em mim uma introjeção de acontecimentos no quando
tudo é percebido, sentido, absorvido.
E os acontecimentos me chegam como uma espécie de sonho,
uma dimensão de acontecimentos descontínuos e interligados.
Está tudo interconectado numa sabedoria difusa.
É difícil explicar, é mais fácil sentir.
À noite grita em mim a urgência do que significa estar vivo.
E ali no escuro do quarto todas as dores do mundo me arrebatam.
Não consigo dormir.
Afinal, quem são as milhões de vozes que gritam e choram em
minha cabeça?
O que querem de mim? Talvez só queiram ser ouvidas.
É quando me levanto e tento escrever o que me dizem.
Tarefa árdua, pois, falam todos ao mesmo tempo.
–– Eu desisto, assim não dá! –– Grito no silêncio do apartamento.
Eles não cessam, querem me contar suas histórias.
Aos poucos capto palavras em meio àquela confusão de vozes.
Escrevo.
Escrevo.
Escrevo.
O dia amanhece e estou exausto.
Mas é dia e estou orbitando noutra dimensão, não sou capaz
de dizer se tudo aconteceu ou se tive um sonho ruim.
Espero recomeçar tudo na próxima madrugada.
Mas só entenderei o que hoje me acomete quando algum dia
eu estiver gritando na cabeça de alguém.

Imagem de Peter H por Pixabay 

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