Deixa morrer

Aos poucos vamos nos entregando a certos vícios, ou padrões de comportamento que em nada contribuem para a nossa vida. Pior, também não contribuem para a vida de outras pessoas.

Tentamos fazer o nosso melhor, mas as vezes nem isso é suficiente. Não é porque esquecemos que agimos com orgulho, com egoísmo e sendo fatalmente tóxicos.

Não percebemos, as vezes, que nossas ações ferem, mesmo quando disparamos para o outro lado. Puxamos o gatilho inocentemente, mas somos incapazes de exercitar a empatia e perceber as lágrimas que escorrem dos olhos de nosso próximo.

Ah! Como dói. Como doeu.

As palavras cortaram a carne como faca em brasa. Derretendo pele, lacerando músculos e chegando ao osso.

Mas são necessários os golpes. São necessárias as punhaladas que nos ferem e não nos matam, que nos deixam prostrados em nossa própria bile e nos fazem engasgar com as intenções de nossas ações.

Ainda dizem que “de boas intenções o inferno está cheio”, e provavelmente estejam certos, pois não há dor maior do que a de ferir sem intenção, ainda mais quando amamos.

Torne-se lúcido o pensamento. Meça toda consequência de atos impensados, nascidos nos momentos de insanidade temporária, que muitas vezes se estendem pela quase eternidade.

Deixa morrer.

Deixe que se vão os pensamentos, a falsa dependência e a conveniente presença. Deixe que mate a distância, os germes da putrescência que marcam tão fundo a carne, deixando irreconhecíveis os padrões e perfumes da flor.

Que consuma o fogo qualquer lembrança de tristeza, que cauterize ferimentos provocados, por espinhos invisíveis.

Deixa morrer no insaciável e ardente fogo e que, das cinzas, surjam mais bela vida.

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