Do Brasil e da Seleção Brasileira

Hoje acordei com o barulho na casa do vizinho. Eu bem que queria dormir um pouco mais, uma vez que fui agraciado com a Portaria nº 143 de 1º de junho de 2018, do Ministério de Estado do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, que estabelece o expediente dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, nos dias de jogos da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo FIFA 2018.

De acordo com a referida portaria, nos dias em que os jogos se realizarem pela manhã, o início das atividades se dará a partir das 14h00min (horário de Brasília) e que as horas não trabalhadas sejam compensadas até o dia 31 de outubro de 2018.

Hoje pela manhã seria um dia que eu daria aula para a turma de Redes de Computadores. Fecharia o semestre com a turma, mas a Seleção Brasileira de Futebol iria jogar e para o bem de todos, eu deveria adiar em uma semana o fechamento das aulas – isso se não tiver jogo do Brasil no mesmo dia e horário na próxima semana, tendo que compensar as horas que eu não trabalhei, por força de uma portaria.

Sigamos em frente, ou bola para frente, como o espírito da copa exige.

Devemos nos alegrar, afinal, pois a nossa Seleção conseguiu vencer da Costa Rica, e embora os investimentos em Educação, Saúde e Segurança estejam congelados por 20 anos, com recursos da Educação sendo ainda reduzidos para financiar ações falidas da Segurança, e com uma Ciência combalida e quase sem recursos, o que realmente nos importa é o Hexacampeonato.

Se, por acaso, a Selação Brasileira sair vitoriosa nessa copa, conseguindo levantar a tão sonhada taça do Hexacampeonato, o fará para uma nação completamente entorpecida e que há alguns anos vem, se não apoiando, mas omitindo-se sobre as nossas verdadeiras prioridades.

Nessa Copa, torço mais pelo Brasil do que pela Seleção Brasileira. Esta, é formada por milionários, muitos dos quais preferem nem lembrar as dificuldades do país, enquanto é aplaudida por pobres que, em algum momento, terão que voltar à realidade e encarar os fatos.


Imagem em destaque: Futebol por Cândido Portinari
Pintura a óleo. 1940.

2 comentários

  1. Olha só… falou tudo oq sempre costumo falar nesses momentos. Inclusive hoje mesmo falei isso em casa. Pra mim, é vergonhoso vê que dão mais importância e respeito à essas coisas, do que, aos professores que formam profissionais e muitos se esforçam pra trabalhar sem nenhuma estrutura adequada, tudo em prol da educação, na esperança de um futuro melhor e de progresso. Lamentável.

    1. Saudações, Luana e muito obrigado pelo comentário.

      Eu gostaria muito de estarmos vivendo realmente em festa, pelo futebol e por todas as outras conjunturas do país, contudo, uma parcela de nossa sociedade se ilude enquanto é iludida por uma parcela menor, mas que faz de seu padrão de vida, objeto de consumo.

      Como bem disse o grande Nelson Almeida, que tem escrito comigo aqui no blog, e que parafraseio aqui:

      “Quando é Copa do Mundo se diz que temos a pátria de chuteiras. E quando ocorre competição mundial de conhecimento (olimpíada internacional de Física, Química…) temos uma pátria de quê? De analfabetos sem a cartilha do ABC nas mãos.”

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