Um guia para melhorar a forma que lemos

Nesta semana fui presentado com um livro intitulado Como ler livros: o guia clássico para a leitura inteligente, uma obra dos escritores Mortimer J. Adler e Charles Van Doren, que teve sua primeira edição editada em 1940 nos EUA.

O livro, em suas 432 páginas já é por si só uma leitura e tanto, mas como um guia dessa natureza, precisa ser degustado ao invés de somente lido e somos lembrados a todo o instante da importância da leitura, como nesse trecho do prefácio:

Todo alfabetizado saber ler até certo ponto, mas como esse ponto pode estar muito baixo, é preciso melhorar a habilidade da leitura em geral. Esse problema é um dos mais complexos das artes da educação.

José Monir Nasser

No prefácio da edição americana publicada em 1972, Mortimer J. Adler lembra da problemática que envolve a leitura nos EUA, incentivada por programas governamentais nos anos 1970, quando foi declarada a Década da Leitura no país.

Mortimer cita Pascoal quando se refere a velocidade de leitura:

Quando lemos devagar demais ou rápido demais, não entendemos nada.

Pascal

A citação é apropriada em função da febre nacional pela leitura dinâmica, e a obra sugere leituras em velocidades variáveis.

O objetivo é ler melhor, sempre melhor, mas às vezes mais devagar, e às vezes mais rápido.

Mortimer J. Adler

O autor também critica a ausência de educação para a leitura além do nível elementar, um problema ainda mais crítico em países como o Brasil, ainda hoje em dia.

Citando uma publicação no Atlantic Monthly, do Professor James Mursell, do Teachers College da Columbia University, intitulado A Falência das Escolas, ele reforça as suas críticas:

O aluno que completa o ensino médio leu bastante, e se for para a universidade lerá mais ainda; mas é provável que ele venha a ser um leitor ruim e incompetente. (Observe que isso vale para o aluno médio, não para aquele que recebe acompanhamento especial.) Ele consegue ler uma obra simples de ficção e gostar dela. Mas coloque-o diante de uma exposição sucinta, de um argumento formulado com concisão e cuidado, ou de uma passagem que demande consideração crítica, e ele estará perdido.

James Mursell

Quem lida com ensino superior sabe muito bem que isso é uma dura verdade, que vivenciamos no dia a dia. O tempo passou, mas os problemas permaneceram os mesmos, em alguns lugares, mais aprofundados.

E completa:

Já se demonstrou, por exemplo, que o aluno médio é espantosamente incapaz de indicar a ideia central de uma passagem, ou os níveis de ênfase e subordinação em um argumento ou exposição. Para todos os fins e propósitos, ele continua a ser um aluno do sétimo ano mesmo quando já está na universidade.

James Mursell

Essas constatações, duras mas assertivas, nos colocam diante de um duro dilema, principalmente quando insistimos que nossos alunos se preparem tendo que aprender outros idiomas, e muitas vezes nos esquecemos que eles precisam pelo menos entender o que estão lendo em sua língua nativa.

Particularmente estou muito ansioso com a leitura deste verdadeiro tomo e espero aprender a ler livros de forma a não somente lê-los, mas para crescer intelectualmente enquanto os leio.

Se você ficou curioso sobre a obra, a Amazon.com.br tem a tradução de 2010 ainda em estoque e você pode acessar clicando neste link aqui.


Citações incompletas no texto

Blaise Pascal ( 1623 – 1662)
– As Cartas da Província
– Pensamentos
– Tratados científicos

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