Uma aventura chamada Doutorado

Início do ano e minhas preocupações restringiam-se exclusivamente às minhas novas turmas e a turma de tecnologia em mineração que estava para entrar e para a qual demandamos muito tempo e esforço na confecção do documento que deu origem ao curso.

De repente, uma mensagem no WhatsApp me apresentava um edital do doutorado. Era  23 de janeiro de 2019. O edital havia sido publicado no dia anterior e parecia ser uma daquelas oportunidades únicas, mas o fato de alguns dias antes eu ter participado de um processo de doutorado em Macapá e sequer ter sido classificado na primeira fase me deixou um pouco para baixo.

Olhei então para a minha esposa e perguntei: E aí? o que você acha?

Sua resposta era tudo que eu queria ouvir: Faz. Se for da vontade de Deus, será!

Rapidamente me pus a me informar se seria possível que eu conseguisse a liberação para cursar o doutorado, caso eu passasse no processo seletivo e fui orientado a abrir o processo e deixar que ele tramitasse e assim o fiz.

Como todo processo seletivo, as quatro etapas foram angustiantes: prova de conhecimentos específicos, prova inglês, entrevista e análise de currículo.

Em 1º de março o resultado final é publicado. APROVADO!

Deus estava agindo fortemente. Agora eu precisava da Portaria de Liberação e me livrar da maior quantidade de coisas, no menor espaço de tempo. Me desfiz dos meus livros, prometemos a venda dos móveis e arrumamos as minhas malas.

Comprei passagens para o dia 14.03.2019, mas em virtude da portaria não ter saído, adiei para o dia 21.03.2019. Uma semana de aula perdida. Ok!

No dia 20 acordo para ir ao IFAP buscar a minha portaria, mas quando ponho os pés para fora do carro uma ligação. Do outro lado da linha um ex-vizinho pede que eu volte correndo para minha casa, pois aconteceu um acidente e minha esposa e filhos estavam presos em casa.

Depois de resgatados e levados a casa de uma amiga, graças a Deus sem nenhum ferimento. Abençoados sejam os bombeiros.

Retorno para o prédio para tentar entender o que vai acontecer e explico que nossas coisas ficaram lá e que eu precisaria viajar no dia seguinte.

Os bombeiros me ajudam. Sobem, entram na casa e pegam coisas essenciais para a minha viagem, dentre elas o PS4 e os fones de ouvido. Abençoados sejam os bombeiros.

Volto ao IFAP, pego a Portaria de Liberação e começamos a tentar resolver o possível para que minha esposa e filhos fiquem alojados e que eu possa viajar, se não tranquilo, pelo menos, menos preocupado.

E os anjos aparecem.

Eles existem, sejam do sexo masculino ou feminino. Nos cercam. Nos rodeiam e estão sempre ali oferecendo-se para ajudar quando mais precisamos. E eis que vários anjos abriram suas portas (desde o momento do incidente), até que ao final do dia, um dos anjos foi eleito para guardar os meus anjos até que as coisas se resolvam.

Parti. Com o coração na mão. Por um lado uma alegria enorme, pois eles estavam vivos e sem nenhum arranhão, por outro lado uma pequena tristeza, pois eles não iriam comigo.

Por um lado uma alegria enorme, pois eu estava indo realizar um sonho e cumprir com os desígnios de Deus, afinal, como posso explicar tudo que aconteceu? Me deixando, na última hora, mais uma lição de valorização da vida?

Eis-me aqui, agora, a 2.051 km da cidade que nem cogitava sair neste ano, longe de todos que amo e que levo comigo no coração, sempre, pois cada um, a sua maneira contribuiu e contribui para este momento.

Eis-me aqui! Dando passos largos depois da tempestade. Fisicamente aqui, minha mente vagueia lá.

Fui colocado aqui para aprender, para crescer e espero, para poder fazer a diferença na vida de muita gente.

Sonhe sonhos bons todos os dias. As vezes eles se realizam de forma sutil. As vezes eles te atropelam. Os desígnios normalmente não são compreendidos, portanto aceite-os e agradeça.

Eis-me aqui para essa aventura chamada doutorado!

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