Verdades de uma tarde de domingo

Ontem eu fui junto com alguns amigos a um pesque e pague. Chegando lá, fomos surpreendidos por um local simples, mas aconchegante.

Como a ideia era comer um peixe, nada mais apropriado. Em nosso grupo, ninguém estava disposto a baber (bebidas alcoólicas, para ficar claro), mas todos estavam muito dispostos a comer.

As crianças logo foram se juntar à outras crianças junto ao lago artificial, onde com algumas varas de pescar, faziam graça pescando alevinos, alguns exibindo-os como se fossem troféus dignos do Monster Fish e Chasing Monsters.

O pequeno Nathanael, com seus três anos e meio, não conseguia entender que a pescaria debaixo do sol poderia ser prejudicial para ele. Retirá-lo do sol, então, tornou-se daquelas tarefas que chegam a envergonhar os pais, quando ele começa a abrir o berreiro, naquele tom de malcriação.

Para sorte, ou azar, havia música ao vivo. E sobre música ao vivo eu sempre faço uma observação: ainda não fui a nenhum lugar cuja música ao vivo seja tocada em um volume agradável, e onde se possa, por exemplo, conversar com as outras pessoas sem a necessidade de gritar, o que nos faz sair de um local assim, no mínimo com rouquidão.

Em um determinado momento, depois de cantadas inúmeras canções e de alguns casais arriscarem-se a dançar no meio do salão, eis que uma alma corajosa resolve arriscar-se também na cantoria, o que me levou imediatamente ao pensamento “começou o karaokê“.

E meu Deus! Aquilo durou mais do que eu imaginava. Incentivada por apenas um dos frequentadores do local, a garota continuou a cantar, incorporando o espírito indomável de uma cantora já falecida e sem sucesso. Se fosse o The Voice, e eu fosse um jurado, embora reconheça minha inaptidão completa para a música, certamente não só não teria virado, como também teria me retirado do local.

Contudo, sou obrigado a reconhecer inúmeras coisas:

1 – Ela teve coragem. Foi ousada em ir até o cantor oficial e pedir para cantar, em uma situação que nenhuma outra pessoa foi.

2 – Certamente, aquele que a aplaudia, fazia algo que todos nós deveríamos estar fazendo pelas mulheres: incentivar. Nesse caso ele poderia estar instigando-a a passar uma vergonha, ou simplesmente fazendo-a para que aquilo a deixasse feliz – e prefiro acreditar que seja a segunda razão.

3 – Ser feliz. A felicidade está normalmente nas coisas mais simples. Nos gestos e atos mais corriqueiros. Quem sabe aquele não era o momento que ela vencia um de seus grandes medos – como seres humanos possuímos tantos – e aquele momento marcava um momento único em sua vida.

Eu pensei muito mais coisas, mas só o fiz depois, depois que já havia agido com certo nível de preconceito. Por uma tendência natural desta nossa sociedade, talvez.

Que as pessoas, principalmente as mulheres, desejem e lutem todos os dias para terem vez e voz. Que suas ações espontâneas não sejam criticadas, mas sejam sim, enaltecidas e incentivadas, sempre e cada vez mais.

Que o dia das mulheres seja todos os dias. Que nossa sociedade evolua, e que elas puxem essa mudança. Que elas, com sua sensibilidade e percepções privilegiadas, sejam a mola mestra para um futuro melhor, com real igualdade, em todos os aspectos de nossa sociedade.

Viva as mulheres. As grandes e maiores guerreiras que existiram, existem e existirão.

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