Não pode chover o tempo todo

Não pode chover o tempo todo.
O céu não pode cair para sempre.
E embora a noite pareça longa, suas lágrimas não podem cair para sempre.

O Corvo

Nossos dias são cheios de angústias. Sejam elas reais ou imaginárias.

Houve um tempo em que pensei que as angústias reais fossem as mais terríveis, as mais difíceis de lidar. Me enganei.

As angústias reais são palpáveis. São tangíveis. Podemos vê-las, e portanto lidar com elas. Estas são quase sempre extintas com ajustes em nossas vidas. Alguns ajustes, claro, podem não ser muito confortáveis, nos tiram de nossa zona de conforto, mas normalmente conseguimos lidar com essas nossas angústias dessa forma.

As angústias imaginárias, ou melhor, as angústias que se desenvolvem em nossas mentes, fruto da inquietação que leva a insônia, que nos faz acordar no meio da noite suando frio, com uma pressão no peito. Aquela que nos paralisa e vai se alimentando de todos os medos e receios que guardamos nos mais escuros recônditos de nossa alma, estes são devastadores.

Elas nos aprisionam em prisões sem muros. Nos mutilam. Nos humilham. Nos incapacitam profundamente e ainda nos deixam sozinhos, pois muitas vezes não conseguimos expressar as avassaladoras sensações que nos acometem, senão pelo afastar-se do convívio das outras pessoas.

Seguimos acreditando que somos o problema. Seguimos achando que somos menos, quando ninguém conhece o peso da cruz que carregamos.

Nossos sorrisos não são fakes, completamente forçados. E como nos esforçamos para movimentar aqueles músculos que, quando contraídos, fazem com que pensem que estamos bem. Como nos esforçamos para postar aquela foto no Instagram, com algumas hashtags positivas, enquanto nos encontramos completamente encarcerados em nós mesmos.

Livrai-nos de toda a angústia. Livrai-nos de todo aprisionamento. Livrai-nos de nossa prisão sem muros. Que cesse a chuva. Que o cinza dê o lugar ao colorido. Renova-me.

Que não nos afoguemos em nossas angústias. Que elas sejam passageiras e resolvíveis, pois sigo acreditando que “não pode chover para sempre”.

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